quinta-feira, 8 de outubro de 2009

"CUIDE-SE"

Olá navegantes!
convido a todos para assistir HOJE, às 22 horas, na TVE-BAHIA no programa SOTERÓPOLIS:

o vídeo-interpetação do e-mail em que Grégoire Bouillier rompe com Sophie Calle:
Criação: Thiago Costa, Drica Rocha e Verônica de Moraes.
Produção: Lamia Coletivo

Sophie Calle é uma artista francesa que percorre o mundo com sua exposição "CUIDE-SE". Trata-se da interpretação feita por 105 mulheres, mais uma papagaia e uma marionete, do email de rompimento enviado por seu ex-namorado.
Esta exposição está no MAM até novembro deste ano, com a participação de artistas baianos.
A TVE-Bahia tomou a iniciativa de convidar artistas para também interpretar a carta-email e entrevista-los sobre esta interpretação-tradução. Toda quinta, a TVE mostra esta experiência com um dos artistas-grupos convidados, e hoje é o nosso dia! Assistam!

Envio o email de rompimento e vale muito ir ao MAM para ver a exposição de Calle.
Grande abraço
Verônica.

"Há algum tempo, venho querendo responder seu último e-mail. Na verdade, preferia dizer o que tenho a dizer de viva voz. No entanto, vou fazê-lo por escrito.

Você já pôde notar que não estou bem ultimamente. É como se não me reconhecesse em minha própria existência. Sinto uma espécie de angústia terrível, contra a qual não consigo fazer grande coisa, exceto seguir adiante para tentar superá-la. Quando nos conhecemos, você impôs uma condição: não ser a 'quarta'. Eu mantive o meu compromisso: há meses deixei de ver as 'outras', não achando logicamente um meio de vê-las sem transformar você em uma delas.

Pensei que isso bastasse. Pensei que amar você e que o seu amor — o mais benéfico que jamais tive — seriam suficientes. Pensei que assim aquietaria a angústia que me faz sempre querer buscar novos horizontes e me impede de ser tranquilo ou simplesmente feliz e 'generoso'. Pensei que a escrita seria um remédio, que meu desassossego se dissolveria nela para encontrar você. Mas não. Estou pior ainda; não tenho condições nem sequer de lhe explicar o estado em que mergulhei. Então, nesta semana, comecei a procurar as 'outras'. Sei bem o que isso significa para mim e em que tipo de ciclo estou entrando. Nunca menti para você e não é agora que vou começar.

Houve uma outra regra que você impôs no início de nossa história: no dia em que deixássemos de ser amantes, seria inconcebível para você me ver novamente. Você sabe que essa imposição me parece desastrosa, injusta (já que você ainda vê B., R.,…) e compreensível (obviamente…). Com isso, jamais poderia me tornar seu amigo. Você pode, então, avaliar a importância de minha decisão, uma vez que estou disposto a me curvar diante de sua vontade, ainda que deixar de ver você e de falar com você, de apreender o seu olhar sobre os seres e a doçura com que você me trata sejam coisas das quais sentirei uma saudade infinita. Aconteça o que acontecer, saiba que nunca deixarei de amar você do modo que sempre amei desde que nos conhecemos, e esse amor se estenderá em mim e, tenho certeza, jamais morrerá.

Mas hoje seria a pior das farsas manter uma situação que, você sabe tão bem quanto eu, se tornou irremediável, mesmo com todo o amor que sentimos um pelo outro. E é justamente esse amor que me obriga a ser honesto com você mais uma vez, como última prova do que houve entre nós e que permanecerá único.

Gostaria que as coisas tivessem tomado um rumo diferente.

Cuide-se."

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